Introdução: O confinamento pela COVID-19 provocou uma interrupção das competições de futebol sem precedentes. O impacto fisiológico nestes atletas permanece incerto, sendo que esta pausa súbita pode ter impacto negativo no risco de lesões. Assim, este estudo transversal tem como objetivo avaliar o impacto do confinamento no número de lesões sofridas pelos futebolistas durante o regresso à competição e compreender como foi realizada a adaptação dos treinos e a sua monitorização durante o confinamento.

 

Material e Métodos: Elaboramos um estudo observacional e distribuímos um inquérito online a jogadores amadores e profissionais de 3 competições portuguesas. Os atletas foram questionados sobre fatores demográficos, prática desportiva e lesões sofridas no período em análise.

 

Resultados: Não foram encontradas diferenças significativas na incidência de lesões entre as épocas 2020/21 (N=35) e 2019/20 (N=32, p=0.602). Porém, a inexistência de um plano para os treinos em casa elaborado pela equipa técnica associou-se a um risco aumentado de lesão durante o regresso à competição (p=0.004).

 

Discussão: Apesar de não termos encontrado nenhuma associação significativa entre esta interrupção e a ocorrência de lesões, deve ser realizada uma avaliação contínua da condição física dos atletas, dado o potencial risco de lesões. Para além disso, o esforço das equipas deve ser feito na implementação de planos de treino adequados.

 

Conclusão: Este é o primeiro estudo a avaliar o impacto da COVID-19 nas lesões sofridas pelos futebolistas durante o regresso às competições portuguesas, mostrando uma associação entre estas lesões e a inexistência de um plano de treinos organizado durante o confinamento.

 

Keywords: Detraining; Football Injury; COVID-19; Lockdown; Injury Prevention