Rutura do ligamento cruzado anterior na criança: aguardar ou avançar para cirurgia?

João Pedro Vieira Dias, 2015

Objetivo: A reconstrução do ligamento cruzado anterior nas crianças é tema de debate na comunidade médica pelos riscos de distúrbios do crescimento com reconstrução precoce. Todavia, a protelação da cirurgia aumenta o risco de lesões intra-articulares adicionais. O objetivo desta monografia é registar novas evidências relativas às opções terapêuticas com especial ênfase para o momento de realização da cirurgia.
 
Fontes de dados: Foram incluídos 42 artigos (2004-2014) sobre a abordagem do ligamento cruzado anterior em crianças, tratamento conservador/cirúrgico, consequências a longo prazo e avaliação imagiológica.
 
Síntese de dados: O adiamento da reconstrução está associado a maior incidência de lesões do menisco medial, cuja necessidade de cirurgia duplica protelando o tratamento entre 5 a 12 meses e quadruplica após 1 ano. As técnicas transfisárias são aplicadas em indivíduos que atingiram a maturidade óssea, pelo receio de lesão da fise e distúrbios no crescimento. Contudo, as dimensões da perfuração não ultrapassam 3% da secção da fise, nem ocorre alargamento dos túneis, não condicionando lesão. Recentemente tem sido demonstrado que esta pode ser aplicada em indivíduos em estádio I/II de Tanner. As técnicas cirúrgicas que preservam as fises destinam-se a pacientes mais novos pela menor probabilidade de distúrbios iatrogénicos do crescimento. Dentro destas a all-epiphyseal permite restaurar melhor a cinemática articular.
 
Conclusões: Os fracos outcomes da abordagem conservadora favorecem a cirurgia que deve ser o mais célere possível. À luz da literatura científica atual, afigura-se que a técnica transfisária poderá ser aplicada com segurança em indivíduos com imaturidade óssea, possibilitando melhores resultados.
 
Palavras-chave: ligamento cruzado anterior, fise, crianças, joelho, imaturidade esquelética


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